sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

DE TRICICLO PELA SERRA CATARINENSE E GAUCHA

Aproveite o embalo e vá de carona...




Era para ser um passeio com o grupo do abraçando SC 2009, devido a um problema mecânico, transformou-se numa aventura por estradas pedregosas, estreitas, cheias de valetas e porteiras, mas com belas paisagens. São as estradas que margeiam os costões da serra catarinense e gaúcha entre Bom Jardim da Serra/SC e São Jose dos Ausentes/RS.

Após deixá-lo por dois longos anos parado, resolvi participar com meu triciclo do abraçando Santa Catarina em Outubro de 2009, mas o tempo parado não perdoou e tive que trabalhar para colocar ele em forma novamente.

Uma nova pintura e algumas regulagens foram necessárias principalmente nos freios (que estavam travados por ação do tempo) e, assim naquela manhã de sábado estávamos eu e meu filho Thiago todo paramentados e preparados para sair quando o problema apareceu, estava sem freios, ou seja, tinha que pedalar de três a quatro vezes para que ele funcionasse, voltei até a oficina que havia feito o conserto, aguardei que abrissem para solucionar o problema.

Por volta da 08h30min nos colocamos a caminho da serra do rio do rastro onde pretendia encontrar os componentes do grupo, mas, antes mesmo de chegar a Tubarão novamente o freio veio a falhar, uma parada num posto de serviços e com algumas ferramentas emprestadas “resolvi o problema” seguindo a viagem.




Embora tenhamos nos atrasado com os “consertos” e algumas paradas em alguns pontos da subida da serra para apreciar as paisagens, logrei êxito em encontrar o grupo no mirante da serra, mas, o problema persistia e temeroso de seguir com o grupo com o freio em precárias condições, decidi não acompanhá-los, ficando em Bom Jardim da Serra a procura de um mecânico para mais uma vez consertar os freios, o que não conseguimos.







Bom não seria este o motivo a estragar nosso passeio, mesmo com os freios deficientes conseguia frear então procuramos um local para passar a noite e no dia seguinte voltamos ao mirante que para nossa sorte apresentava uma vista espetacular sem a nevoa que no dia anterior envolvia os costões da serra.




Com um dia tão bonito até os animais se animaram a aparecer e divertir os turistas presentes no local.




Quase toda semana eu subo a serra de caminhão e sempre vejo aquela queda d’água que fica ali ao lado da rodovia, mas o compromisso não permite uma parada, então na volta para Bom Jardim da Serra estacionei o triciclo junto ao mirante para finalmente poder vê-la com mais calma e sossego.




Certa vez desci de caminhão a serra da rocinha em Timbe do Sul - SC, por ter sido à noite não pude ver muita coisa a não ser a estrada que o farol iluminava, e pensei comigo que um dia iria refazer o trajeto para apreciar a paisagem e, aproveitando da situação resolvemos seguir em direção a São José dos Ausentes – RS, pela estrada de chão que liga os dois estados e municípios.

Meu triciclo é de construção artesanal, porém foi bem construído, sua estrutura é resistente e enfrenta as mais adversas situações de estradas sem apresentar problemas, por isso não me preocupei em seguir e enfrentar uma estrada de chão batido, para mim isto é aventura.

A estrada até que estava bem conservada, pois é o principal caminho para o RS, com certeza teria feito o trajeto sem dificuldades e em menos de duas horas chegaria ao destino, mas ao chegar à entrada do parque eólico fiquei sabendo que do parque só tinha a placa e nada ainda fora construído, porém por ali também poderia chegar a São José dos Ausentes, mas a estrada por ser de uso mais para acesso as fazendas da região, não apresentava boas condições, pois a muito tempo que não via uma máquina, contendo em seu leito muitas pedras sendo que algumas de bom tamanho.





O gosto pela aventura e de conhecer novos lugares, nos levou a enfrentar a estrada com a certeza de que seria a primeira vez que um triciclo fosse fazer tal trajeto, o que se confirmou durante o percurso quando em conversa com as pessoas que encontrávamos, o que foram poucas.

Fugir do lugar comum, por onde todos passam e, talvez encontrar nestes lugares belas paisagens esculpidas pela natureza, que estão lá a sua espera para serem admiradas.





A certa altura ao pedir informações, não pudemos recusar um convite para almoçar com um grupo de criciumenses que todos os anos se encontram na fazenda do Sr. Pedro, e assim novas amizades se fizeram.





Após o almoço e algumas fotos seguimos em frente mesmo sabendo que teríamos que voltar uns duzentos metros e seguir a esquerda, mas, a curiosidade nos fez seguir aquela estrada até o fim, passando por porteiras, belíssimas paisagens e pontes que com certeza não foram feitas para um “triciclo” passar. Mas tiramos de letra, e seguimos em frente.





Ao final da estrada outra fazenda, não encontramos ninguém e voltamos, passamos novamente em frente à fazenda do Sr. Pedro, acenamos para os novos amigos e seguimos desbravando aquelas paragens.





A nossa volta campos com pastagem para o gado, alguns reflorestamentos e mata nativa. Como em outros locais nos campos serranos, encontramos uma cerca de pedras, conhecida por taipas de pedra (na maioria construída pelos escravos) que servem como delimitação entre as propriedades e piquetes de pastagens nas fazendas, muitas com mais de cem anos, que nos remete aos tempos inglórios do uso da mão de obra escrava em nosso país.






Os rios, ao meu modo de ver, são os principais atrativos que você encontra no trajeto, além dos cânions, com seus leitos de pedra descem formando corredeiras e pequenas e grandes quedas d’água até despencarem vertiginosamente nos cânions, que ajudaram a construir, lentamente, ao longo de milhares de anos.

Não sei dizer o nome, mas o local de uma beleza sem igual, num primeiro momento, logo após sair de um bueiro da estrada o que se vê é aquela queda d’água que se forma, escorre por um pequeno trecho e desaparece no cânion que se abre em seguida. Mas a surpresa maior estaria por vir quando mais a frente encontramos outro local digno de um cartão postal, e a seqüência da queda d’água anterior, que acredito ter mais de cem metros de altura. O local pede e você não pode sair dali sem levar uma recordação e, como naquela frase que diz “da natureza nada se tira, apenas fotos”, me intrometi na paisagem e levei para casa belas fotos.

















No geral, as divisas de estado seguem os meandros dos rios e, como não poderia deixar de ser, uma ponte une os dois estados e, um pouco antes o posto de fiscalização sanitária do estado de SC. Não é por acaso que o estado de Santa Catarina detém o título de estado livre da febre aftosa, o controle sanitário esta em todos os pontos de passagem de um estado ao outro.



Como os demais rios, este também corre solto sobre as lajes de pedras com suas corredeiras e pequenas quedas d’água.

E a estrada mesmo no RS, continua a mesma, pedras e mais pedras. Bem não poderia ser diferente, pois como já disse, servem para o acesso as fazendas espalhadas pela região, onde é normal encontrarmos os mais diversos tipos de porteiras e passadores, pois em muitos casos as estradas cruzam as fazendas, mas quero lembrar aqui um detalhe importante, ao passá-las não se esqueça de fechá-las novamente.



Ao entrarmos na estrada principal, logo em seguida encontramos o acesso ao cânion de monte negro e as primeiras pousadas junto à entrada, é só seguir em frente para alcançar o cânion e o ponto mais alto do RS que é o pico do monte negro.

Durante o trajeto não se assuste se encontrar animais silvestres como as aves que encontramos que sem se importarem com a nossa presença, continuaram ali, se sentindo realmente em casa, acostumadas com o movimento.









O final da estrada está a cerca de 400 metros antes do cânion, onde se deve deixar os veículos e seguir a pé. O cânion realmente fascina, com seus paredões íngremes, devem inspirar os praticantes de rapel e outros esportes relacionados com o montanhismo, as quedas d’água que descem vertiginosamente e, lá em baixo se juntam formando um rio. Deste ponto em dias livre de neblina, pode se ver o litoral do RS e SC, é incrível a sensação de se estar num local como este.





Já era noite quando chegamos a São José dos Ausentes, e encontramos um lugar para passar a noite na pousada curicaca, que fica logo na chegada da cidade, já estava dando os primeiros sinais de chuva.

O dia seguinte começou com chuva, mesmo assim demos um giro pela cidade que embora seja de pequeno porte, é acolhedora e merece ser conhecida. Através de informações dos moradores, soubemos que o município tem diversos pontos turísticos, principalmente cachoeiras, sendo que algumas foram cenários para as filmagens de uma minissérie da rede Globo.


Infelizmente não pudemos conhecer estes atrativos devido ao tempo, assim após uma rápida volta pela cidade, fomos em direção a serra da rocinha onde ainda encontramos mais uma queda d’água que surge logo após suas águas passarem sob a ponte, é magnífica, pena que estava chovendo e não pudemos procurar um melhor ângulo para as fotos.



Ao final da descida encontramos outro posto de fiscalização sanitária do estado de Santa Catarina.

A intenção de descer a serra da rocinha durante o dia aconteceu, porém foi frustrada pela chuva que caiu durante o dia inteiro, assim, pretendo novamente em outra oportunidade passar por ali com a calma e tempo para melhor explorá-la.

Daqui pra frente somente estradas asfaltadas, um alivio, mas significava que a aventura estava chegando ao fim e logo, após passar na casa de alguns parentes em Forquilhinha – SC estaria chegando a Laguna.



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